Capítulo 10: Hipertrofia ventricular esquerda na ausência de hipertensão: quando suspeitar de doença de Fabry

Autores

Carlos Pablo Quintanilha Gonçalves 
Universidade do Vale do Aço AFYA UNIVAÇO
Grasiele Mattei Ise dos Santos
Centro Universitário de Manhuaçu (UNIFACIG)
Lawrence Monteiro de Oliveira Pio
Universidade Federal de Juiz de Fora (Campus GV)
Vitória Mendonça Mendes
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM - Campus Teófilo Otoni)

Sinopse

A hipertrofia ventricular esquerda (HVE) é comumente atribuída à hipertensão arterial sistêmica, sendo considerada sua principal causa em populações gerais. Contudo, quando identificada na ausência de hipertensão, surge a necessidade de ampliar a investigação diagnóstica, considerando etiologias menos frequentes e de evolução potencialmente grave, como a doença de Fabry. Trata-se de uma doença genética rara, ligada ao cromossomo X, caracterizada pela deficiência da enzima α-galactosidase A, que leva ao acúmulo progressivo de glicoesfingolipídeos, especialmente globotriaosilceramida (Gb3), em tecidos cardíacos, renais, neurológicos e endoteliais. No contexto cardíaco, esse acúmulo promove remodelamento estrutural, inflamação e fibrose, manifestando-se clinicamente como HVE, arritmias e insuficiência cardíaca, mesmo em pacientes normotensos. Estudos recentes têm reforçado que a presença de HVE em indivíduos jovens ou de meia-idade, sem hipertensão ou valvopatias relevantes, deve despertar forte suspeita para doença de Fabry, sobretudo quando associada a sintomas extracardíacos como dor neuropática, insuficiência renal, hipoidrose e angioqueratomas. Avanços em métodos diagnósticos, como a ressonância magnética cardíaca com realce tardio e a dosagem plasmática de globotriaosilesfingosina (lyso-Gb3), têm permitido identificar de forma mais precoce as alterações cardíacas relacionadas ao Fabry. Além disso, estratégias terapêuticas como a terapia de reposição enzimática e chaperonas farmacológicas têm mostrado benefícios no retardo da progressão da HVE e na melhora da sobrevida. O presente estudo realiza uma revisão integrativa da literatura recente (2020–2025), com o objetivo de discutir em profundidade a relação entre HVE na ausência de hipertensão e a doença de Fabry, ressaltando os principais achados clínicos, fisiopatológicos, diagnósticos e terapêuticos, bem como a importância de estratégias de rastreamento precoce para evitar o subdiagnóstico dessa condição.

Downloads

Publicado

fevereiro 10, 2025

ISSN online

2675-9128

Categorias

Licença

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Como Citar

GONÇALVES , Carlos Pablo Quintanilha; SANTOS, Grasiele Mattei Ise dos; PIO, Lawrence Monteiro de Oliveira; MENDES, Vitória Mendonça. Capítulo 10: Hipertrofia ventricular esquerda na ausência de hipertensão: quando suspeitar de doença de Fabry. Em: ASSUNÇÃO, Bárbara Aline Ferreira (org.). Medicina: Pesquisas, investigação e diagnóstico: Medicina: Pesquisas, investigação e diagnóstico. Aluz Livros de Fluxo Contínuo[s.l.] : Repositório Acadêmico – Editora Acadêmica Aluz,2025. v. Volume Ip. 84–96. DOI: 10.51473/er1vjf59. Disponível em: https://ebooks.editoraaluz.com.br/edu/catalog/book/1/chapter/47. Acesso em: 13 set. 2025.