Capítulo 12: Síndrome hepatorenal induzida por hemorragia digestiva: uma revisão integrativa
Sinopse
A síndrome hepatorrenal (SHR) é uma forma grave de lesão renal aguda funcional que ocorre em pacientes com cirrose avançada, marcada por vasodilatação esplâncnica, disfunção circulatória sistêmica e vasoconstrição renal desproporcional. Entre os fatores precipitantes, a hemorragia digestiva — especialmente a varicosa, na vigência de hipertensão portal — ocupa papel central ao agravar a hipovolemia efetiva, desorganizar a autorregulação renal e ativar eixos neuro-hormonais (SRAA e SNS), culminando em queda do fluxo renal e redução da taxa de filtração glomerular. A adoção de definições dinâmicas de AKI em cirrose e a reclassificação da HRS-1 para HRS-AKI permitiram diagnóstico mais precoce e manejo mais oportuno, com impacto prognóstico. Este trabalho revisa criticamente evidências recentes (2022–2025) sobre a SHR precipitada por hemorragia digestiva, abrangendo fisiopatologia, diagnóstico diferencial, biomarcadores (p. ex., cistatina C, NGAL), estratégias farmacológicas (albumina + vasoconstritores como terlipressina ou norepinefrina), papel do TIPS no contexto do sangramento e critérios de transplante (LT/CLKT/SLKT). Discutem-se ainda complicações associadas à terlipressina (incluindo eventos isquêmicos gastrintestinais raros) e algoritmos práticos para a abordagem integrada do paciente cirrótico com sangramento digestivo e risco de SHR. A literatura recente converge para a importância do reconhecimento precoce, expansão volêmica com albumina e vasoconstrição dirigida como pilares iniciais, reservando TIPS para cenários selecionados (controle de varizes de alto risco/refratariedade e descompressão portal) e transplante hepático como tratamento definitivo quando não há resposta farmacológica.
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