Capítulo 13: Insuficiência adrenal induzida por opioide: uma revisão de literatura
Sinopse
A insuficiência adrenal induzida por opioides (IAIO) é uma complicação subestimada e frequentemente negligenciada, decorrente do uso crônico de analgésicos opioides, seja em pacientes com dor crônica não oncológica, em contextos de dependência química ou em doenças graves que demandam analgesia prolongada. A condição resulta da supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), ocasionando uma produção inadequada de cortisol e predispondo a crises adrenais potencialmente fatais. Diversos autores relatam que a prevalência de IAIO varia entre 5% e 29% dos usuários de opioides de longa duração, sendo maior em pacientes expostos a doses elevadas ou a drogas de alta potência, como fentanil e morfina. Apesar de seu impacto clínico, a IAIO permanece subdiagnosticada, em parte devido à inespecificidade dos sintomas — fadiga, anorexia, hipotensão, náuseas e hipoglicemia — que frequentemente mimetizam quadros infecciosos ou de choque séptico, atrasando o início da terapia apropriada. A literatura recente demonstra casos de insuficiência adrenal em usuários de buprenorfina, morfina oral e fentanil transdérmico, evidenciando que o risco é transversal a diferentes opioides e esquemas terapêuticos. O diagnóstico exige elevada suspeição clínica e confirmação laboratorial por meio de testes hormonais, embora haja limitações na interpretação dos resultados em razão da interferência de diferentes ensaios de cortisol. O tratamento baseia-se na reposição com glicocorticoides e, em alguns casos, na redução gradual da dose de opioides. Esta revisão integrativa, que abrange publicações entre 2021 e 2024, apresenta uma análise crítica sobre mecanismos fisiopatológicos, manifestações clínicas, critérios diagnósticos e condutas terapêuticas, discutindo os principais relatos e séries recentes que ampliaram a compreensão sobre o tema e reforçam a importância do diagnóstico precoce.
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